Quando bate aquela saudade

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Dia desses deitada na cama me deu um arrepio. Diferente de arrepios desconhecidos que já senti na vida, esse eu sabia muito bem o que era: saudade.

No meu quarto comecei a relembrar as sensações e de olhos fechados voltei a ter 11 anos. Lembrei do cheiro de terra molhada nos dias de chuva, lembrei da pele pesada de terra quando corria no quintal de chão vermelho e de como era engraçado soltar as galinhas, a tartaruga e o papagaio por algumas horas. Depois, o desafio era colocar todo mundo em seu devido lugar sem perder ninguém. Lembro de como era querer alcançar as mangas mais altas do pé e de como o tronco da jabuticabeira ficava roxo cheio de jabuticabas.

O arrepio veio e em seguida quis chorar. Como seria viver de novo um dia ou pelo menos um mês daquela época, em que o meu canal favorito da TV parabólica era a MTV e meu gosto musical girava entre Brick by boring brick, What you want e Criminal? Aliás escrevo esse texto com Hayley Williams cantando BBBB nos meus fones de ouvido lembrando de quando eu não fazia ideia de como a frase “keep your feet on the ground when your head’s in the clouds” faria tanto sentido anos depois. Lembro da sala que ficava virada para a rua e eu girava e cantava PA RA PA PA RA PA PARAAA e ninguém entendia nada. Que bom era ser criança.

Engraçado essa sensação. É uma tortura e uma delícia se sentir assim. Tortura por não ser possível voltar e reviver tudo isso de novo, delícia por ter vivido.

Hoje a casa já não é a mesma. Os cachorros já se foram e eles, meus avós, não tem a mesma energia de 11 anos atrás, mas ainda olho as fotos e me teletransporto. As memórias ficam, quase que intocáveis e só se desgastam com o desgastar da nossa mente, que perde alguns detalhes ao passar dos anos. Mas quando fecho os olhos, sinto um arrepio.

Ê saudade…

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